Yaoundé - Milhares de pessoas estão em fuga desde quarta-feira da parte norte dos Camarões para o vizinho Tchad devido à violência intercomunitária, que provocou pelo menos quatro mortos, revelaram esta quinta-feira fontes do governo local camarones e da Cruz Vermelha chadiana.
Em declarações à televisão estatal CRTV, Jean-Lazare Ndongo Ndongo, adjunto do governo regional, disse que os confrontos entre pescadores e pastores em Kousséri, na região de Logone-et-Chari, provocaram pelo menos quatro mortos.
"Apesar do dispositivo de segurança criado, um grupo logrou infiltrar-se na cidade (...), saqueou cerca de 20 estabelecimentos comerciais e quatro pessoas morreram", acrescentou.
Segundo Khala Ahmat Senoussi, presidente da Cruz Vermelha chadiana, vários milhares de pessoas fugiram da violência e cruzaram o rio Chari para se refugiaram no Tchad, perto da capital N'Djamena.
Fonte policial chadiana, que pediu para não ser identificada, disse "há pelo menos 3.000 refugiados e este número deve mudar", acrescentando que "os refugiados continuam a chegar, alguns por meio de embarcações".
Segundo Jean-Lazare Ndongo Ndongo, os pescadores mousgoum, "vindos de toda o lado", atacaram nalgumas zonas do extremo norte dos Camarões bairros habitados principalmente por pastores árabes choa.
Em Kousséri, "os mousgoums atacaram com flechas e os árabes reagiram", disse, sob anonimato, um funcionário de uma organização não-governamental local à agência France-Presse.
Um correspondente local da agência noticiosa disse ter visto muitos refugiados, apenas com colchões, a aguardar na floresta perto de N'Djamena.
Num comunicado divulgado quarta-feira, o presidente da junta governante no Tchad, Mahamat Idriss Déby Itno, falou de uma "situação preocupante" e pediu "à comunidade internacional que aja prontamente para fornecer a assistência necessária e urgente a esses novos refugiados".
Em Agosto, 12 pessoas morreram e 48 ficaram feridas em confrontos intercomunitários entre pescadores e pastores, também na zona norte dos Camarões.
Os confrontos entre as duas comunidades eclodiram após disputas sobre a gestão e acesso à água, disseram as autoridades.
Os confrontos com vítimas mortais entre grupos étnicos são relativamente raros nos Camarões, mas frequentes no Tchad e na Nigéria, especialmente entre fazendeiros sedentários e pastores seminómadas.