Praia - O Governo de Cabo Verde prevê investir 700 milhões de euros nos próximos 20 anos, uma média de 35 milhões de euros por ano, no sector de água e saneamento, disse hoje o primeiro-ministro cabo-verdiano.
Ao intervir na abertura da reunião do Conselho Nacional de Água e Saneamento (CNAS), realizada na cidade da Praia, Ulisses Correia e Silva disse que a ambição é, paulatinamente, criar as bases sustentáveis para o país atingir níveis de qualidade dos serviços equiparados aos dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
Referindo que o programa do Governo propõe dotar o país de um "avançado sistema de serviços de abastecimento de água e saneamento", Correia e Silva indicou os compromissos estratégicos para a legislatura, a começar por passar dos actuais 62 litros de água/pessoa/dia para 90 litros e passar a taxa de cobertura de acesso de água por rede pública dos actuais 85,5 por cento para todas as famílias.
Também pretende massificar o acesso à rede de água e de esgoto e a instalações sanitárias domiciliárias com investimentos, através do Fundo do Ambiente, em todos os municípios dirigidos a famílias mais pobres e vulneráveis e fazer com que os custos dos serviços no abastecimento de água e saneamento não ultrapassem, em média, 05 por cento% do rendimento das famílias mais vulneráveis.
Também nas localidades em que, devido à orografia ou custos impeçam a instalação de uma rede pública, o Governo quer aumentar a proximidade da oferta da água às famílias numa distância (em tempo), não superior a cinco minutos, bem como melhorar a eficiência energética e a eficiência hídrica.
O primeiro-ministro apontou "avanços importantes" do sector nos últimos anos, sobretudo a melhoria e qualidade dos serviços prestados, governação e qualidade e transparência na regulação técnica e económica, e destacou alguns "instrumentos fundamentais" sobre o sector.
No que diz respeito à água para a agricultura, Ulisses Correia e Silva disse que estão em curso investimentos para, até 2026, o país atingir sete milhões de metros cúbicos (m3) de água dessalinizada e três milhões de m3 de reutilização das águas residuais para rega.
Para isso, disse que a estratégia passa pela diversificação das fontes de irrigação com recurso a dessalinização da água do mar e à reutilização segura das águas residuais tratadas, massificarão da rega gota-a-gota com subvenção aos investimentos aos agricultores e afectação da água dos furos, poços e nascentes apenas para a actividade agrícola.
O chefe do Governo afirmou que não há uma situação dramática na água para a agricultura, mas sim um país com "fortes condicionalidades climáticas e ambientais", com séculos de escassez hídrica, e que tem sido exposto a secas severas e aos efeitos das mudanças climáticas.
E segundo disse, a água e o saneamento são "prioridades" da agenda para o aumento da resiliência do país e para atingir os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). AM/DSC