Ouagadougou - O Presidente de transição do Burkina Faso, Paul Henri Damiba, nomeou como Primeiro-ministro de transição, o economista Albert Ouédraogo, num decreto lido na quinta-feira à noite na televisão pública do país.
Nascido em 1969 na localidade de Dori, no nordeste do Burkina Faso, Ouédraogo é ex-militar e especialista em desenvolvimento e gestão empresarial, tendo uma sólida experiência na gestão da administração pública, projectos de desenvolvimento e empresas privadas.
A sua nomeação ocorre um dia após uma nova investidura como Presidente de transição do tenente-coronel Damiba, que já tinha assumido o cargo em 16 de Fevereiro.
No dia 28 de Fevereiro, Damiba assinou uma Carta de Transição que estabeleceu que a sua junta militar, que lidera o país desde o golpe de Estado de 24 de Janeiro, governará o Burkina Faso durante um período de transição de três anos.
Segundo o documento, o Presidente, o primeiro-ministro e o presidente do Parlamento não poderão participar nas eleições gerais que se celebrarão no final desse período.
A Carta de Transição especifica ainda que o Governo será formado por 25 ministérios.
Após a adopção do documento a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) anulou uma visita prevista para quinta-feira, mas anunciou em comunicado que uma delegação ministerial irá a Ouagadougou nos próximos dias.
A CEDEAO reiterou a sua preocupação com a detenção, desde o golpe de Estado, do ex-presidente Roch Marc Christian Kaboré e exigiu mais uma vez "a sua libertação imediata".
O tenente-coronel Damiba, de 41 anos, tomou o poder no dia 24 de Janeiro, após uma escalada do descontentamento social ao longo dos meses anteriores devido à insegurança provocada pela violência 'jihadista'.
O Burkina Faso, país da África ocidental vizinho do Mali, Níger, Costa do Marfim, Togo e Benim, tem cerca de 20 milhões de habitantes e é afitado pela violência 'jihadista' desde 2015.
A violência terrorista, atribuída a grupos filiados na Al Qaeda e no grupo Estado Islâmico, causou cerca de 2.000 mortos no Burkina Faso nos últimos sete anos e mais de 1,5 milhões de deslocados.