Uaga, Burkina Faso - O líder da junta militar do Burkina Faso, afastado sexta-feira num novo golpe de Estado, Paul Henri Sandaogo Damiba, abandonou esta domingo o país com destino ao Togo, enquanto a nova junta pediu calma aos cidadãos.
A partida de Damiba foi confirmada por dois diplomatas que falaram com a Associated Press (AP) sob condição de anonimato devido à sensibilidade do assunto.
Segundo a agência norte-americana, desconhece-se se o Togo é o destino final de Damiba, que neste domingo apresentou a sua demissão, ao fim de dois dias a recusar renunciar.
A saída de Damiba fora exigida na capital, Ouagadougou, por centenas de manifestantes que se pronunciaram a favor da chegada do poder do capitão Ibrahim Traoré, que se autoproclamou novo líder da Junta Militar.
Após a mediação entre os dois rivais, conseguida por líderes religiosos e comunitários, “o próprio Presidente Paul-Henri Sandaogo Damiba propôs a sua renúncia, para evitar confrontos com graves consequências humanas e materiais”, pode ler-se num comunicado de imprensa assinada por várias figuras relevantes do Burkina-Faso.
O golpe de Estado de sexta-feira é o segundo este ano e eleva os temores de que o caos político distraia as atenções de uma insurgência radical islâmica que já matou milhares e forçou dois milhões de pessoas a fugir.
Além de prometer não prejudicar ou julgar Damiba, Traore e a nova junta comprometeram-se a respeitar os compromissos já feitos pela junta anterior à comunidade dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
Damiba, que chegou ao poder através de um golpe militar em Janeiro, tinha acordado com a organização regional realizar eleições até 2024.