Ouagadougou – A Junta militar no poder no Burkina Faso libertou quarta-feira (6) a noite o antigo Presidente Roch Marc Christian Kaboré, derrubado em 24 de Janeiro último.
Num comunicado, o governo de transição indicou que a decisão foi tomada depois das “concertações iniciadas há três semanas com o antigo Chefe de Estado burkinabe”.
Segundo o “Jeune Afrique”, Kaboré, derrubado por um golpe de Estado liderado pelo tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba, deixou a residência vigiada para o seu domicílio.
Desde que foi afastado, vários Chefes de Estado membros da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) manifestavam-se preocupados com o seu futuro.
A guerra no Burkina Faso iniciou em 2015 com os ataques dos grupos jihadistas ligados à Al-Qaïda e à organização Estado Islâmico, que já causou dois mil mortos, dentre civis e militares, e forçou a fuga dos seus lares um milhão e quinhentos mil cidadãos.
De 2016 a 2018, Ouagadougou, a capital burkinabe, foi abalada por sucessivos atentados bombistas e, desde 2019, os ataques protagonizados pelos “katibas”, muito móveis, visavam as zonas rurais do Norte e Leste do país, provocando uma inédita deslocação e violências inter-comunitárias.
Nos últimos meses antes do golpe de Estado, uma parte das Forças Armadas contestava a estratégia e os meios colocados à sua disposição pelo governo para combater o terrorismo islâmico.
A 27 de Março, Alassane Bala Sakandé, antigo presidente da Assembleia Nacional, foi brevemente interpelado depois de uma conferência de imprensa durante a qual denunciou a detenção de Kaboré.