Bruxelas - O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, acusou nesta segunda-feira a Rússia de "causar a fome no mundo" com a guerra na Ucrânia, destruindo as reservas de trigo e impedindo-a de exportar, especialmente para África.
"Os russos culpam as sanções (impostas pelo Ocidente) pela escassez de alimentos e pelo aumento dos preços quando não são as sanções", afirmou o Alto Responsável da União Europeia para a Política Externa após uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27 no Luxemburgo.
"A Rússia está a colocar bombas nos campos da Ucrânia, os navios de guerra russos estão a bloquear dezenas de barcos carregados de trigo", acusou Borrell, acrescentando que com isso "causam escassez" e "a fome no mundo".
"Então parem de culpar as sanções. É o exército russo que está a causar escassez de alimentos. E África é uma grande fonte de preocupação porque está particularmente exposta à crise alimentar que se aproxima", insistiu.
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) anunciou na sexta-feira que os preços dos produtos alimentares mundiais atingiram os seus "níveis mais elevados de sempre" em março, com a guerra na Ucrânia a representar um risco de uma crise global.
A Rússia e a Ucrânia são, respectivamente, o primeiro e o quinto maiores exportadores mundiais de trigo, representando 30% da oferta mundial.
Desde a invasão russa a 24 de Fevereiro, toneladas de cereais permaneceram nos portos ucranianos como Mariupol, bombardeados e sitiados pelo exército russo devido à sua posição estratégica.
Teme-se que a escassez de cereais possa causar fome e motins no Médio Oriente e no Norte de África.
O Egipto, a Turquia, o Bangladesh ou a Nigéria, países com grandes populações, são os principais importadores de cereais provenientes da Rússia e da Ucrânia.