Bamako - Onze civis que viviam num campo de refugiados morreram em consequência de uma operação extremista islâmica perto de Gao, norte do Mali, disseram quarta-feira líderes locais e fontes humanitárias, citadas pela AFP.
O acampamento atacado fica a apenas alguns quilómetros da capital regional, Gao, numa região atolada há meses pela violência.
A televisão nacional confirmou também a existência de 11 mortos nessa localidade, assim como o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) confirmou este número de vítimas.
As regiões de Gao e Ménaka, mais a leste, são palco desde Março de uma grande ofensiva do movimento extremista Estado Islâmico no Grande Saara (EIGS), desencadeando intensos combates com os grupos armados estabelecidos nestas imensas extensões desérticas, assim como o massacre de civis.
Dezenas de milhares de pessoas fugiram da violência em Gao e Ménaka.
Quase 60.000 pessoas deslocadas foram registadas somente em Gao, segundo um documento da ONU deste mês.
O acampamento de deslocados de Kadji foi atacado na noite de segunda-feira por homens em motocicletas, disseram várias fontes.
"É terrível o que aconteceu'', disse o eleito local, que falou à agência France-Presse sob anonimato para garantir a segurança.
"Todos os abrigos foram incendiados e levaram todo o gado", disse o representante do ACNUR no Mali, Mohamed Touré, em mensagem enviada à agência noticiosa.
O ACNUR garantiu apoio psicológico e social às vítimas, incluindo mulheres e crianças que testemunharam as atrocidades, acrescentou.
Um comandante das operações do Exército na região, coronel Famouké Câmara, descreveu o ataque como um acto de represália dos extremistas contra os jovens que se enfrentaram no início do ano em Tessit e que, desde então se refugiaram no acampamento Kaji.
A aviação sobrevoou a área e desferiram ataques, acrescentou, citado pela televisão nacional.
Muitas fontes relatam um domínio crescente dos extremistas nas regiões de Gao e Ménaka.
Gao caiu em 2012 para o controlo de rebeldes separatistas, depois substituídos pelos combatentes extremistas islâmicos, expulsos em 2013 pelos exércitos francês e do Mali.
As autoridades consideram que Gao dispõe de efectivos suficientes para repelir um ataque extremista islâmico de grande escala.
O Mali é governado por uma junta militar depois de dois golpes liderados pelo coronel Assimi Goita, que se recusou a convocar eleições em Fevereiro passado, como prometido, e se ofereceu para as realizar somente em Fevereiro de 2024.