Arcebispo de Bangui afirma que muçulmanos e católicos estão juntos

     África              
  • Luanda • Sexta, 28 Abril de 2023 | 09h21

Bangui - O conflito na República Centro-Africana (RCA), cardeal Dieudonné Nzapalainga, é entre políticos que querem o poder e não entre religiões, uma ideia instalada fora do país, disse o arcebispo de Bangui, membro da estrutura que tornou possível acordos de cessar-fogo, segundo agência Reuters.

É importante dizer às pessoas que, na República Centro-Africana, os muçulmanos e os católicos estão juntos", afirmou em entrevista na quinta-feira o cardeal Dieudonné Nzapalainga, frisando que a ideia de que se trata de um conflito entre religiões "é o que as pessoas têm apresentado externamente".

Segundo cardeal Nzapalainga. "é uma ideia de fora, não é o que está a acontecer no país. E estamos nós lá a ver” disse um dos líderes da Plataforma Inter-religiosa da RCA, juntamente com o líder da Comunidade Islâmica e o presidente da Aliança Evangélica do país.

A Plataforma Inter-religiosa da RCA foi criada após a crise que se instalou em 2013 e cujo trabalho tornou possível chegar a acordos de cessar-fogo.

"Quando tivemos a rebelião, não havia um imã à cabeça, não havia um pastor. Nem depois. Eram políticos que queriam o poder", sustentou, acusando essas pessoas de tentarem manipular e instrumentalizar a religião para fins políticos.

Assegurou que, há quem puxe cordelinhos tentar usar o que as pessoas têm de "ingénuas ou míopes" para que digam que sim, "que são os muçulmanos contra os cristãos e os cristãos contra os muçulmanos e arrastá-las para a sua busca de poder.

"Nós dissemos que não. A religião deve unir-nos, não dividir-nos", sublinhou.

O diálogo, declarou o cardeal arcebispo de Bangui, permitiu que os preconceitos caíssem (..) permitiu tirar as máscaras, valorizar-se, respeitar-se, estimar-se, construir agora um país onde o outro já não é inimigo, mas irmão.

Considerou que os sinais de avanço existem, mas é preciso manter sempre o diálogo, num país onde "as dificuldades vêm do facto de ser um país marcado pela pobreza, onde a insegurança se espalhou por todo o território".

"Diariamente, as pessoas são confrontadas com a miséria, a pobreza. A educação não funciona, as estradas ficam intransitáveis", descreveu Dieudonné Nzapalainga.

Referindo que ele é uma das poucas pessoas que consegue circular por todo o território e que leva a mensagem tanto ao Governo como aos rebeldes.

"Peço àqueles que pegaram em armas que possam depô-las e dialogar para procurar soluções por todos os meios, por todas as formas e meios, para que a República Centro-Africana se torne um país onde se pode viver", insistindo que é preciso incentivar esse diálogo.

Questionado se o antigo presidente François Bozizé, agora exilado em Bissau (Guiné-Bissau), deve participar nesse diálogo, respondeu que esteve com ele "antes de ele sair para formar essa rebelião, para novamente lhe dizer que tem um papel a desempenhar no país" mas pelo diálogo, em que participou muitas vezes antes.

Adiantou que ele escolheu o caminho da rebelião ou da reconquista, pela força, da paz (...) Está na Guiné-Bissau, já não está na República Centro-Africana. “Não tenho contacto com ele", frisou.

François Bozizé, de 76 anos, chegou a Bissau no início de Março, como avançou a Lusa, num voo oriundo do Tchad, onde se encontrava desde 2021.

Segundo vários analistas, Bozizé estava a liderar, a partir do Tchad, uma coligação de rebeldes que tentam derrubar o actual regime na RCA, liderado por Félix Archange Touadera.

O arcebispo de Bangui está em Portugal para participar no “III Mafra Dialogues", onde a organização inter-governamental KAICIID - Centro de Diálogo Internacional debate a importância do diálogo inter-religioso e intercultural no actual contexto geopolítico.

O cardeal Dieudinné Nzapalainda, como orador convidado, partilhou o exemplo concreto desse diálogo na construção da paz na República Centro-Africana. CNB/GAR





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