Ouagadougou - Os corpos do antigo Presidente do Burkina Faso, Thomas Sankara, e dos seus 12 companheiros assassinados em 15 de Outubro de 1987 num golpe de Estado foram enterrados hoje, 23, no local onde morreram em Ouagadougou, relataram agências internacionais.
Vários membros do Governo, incluindo o primeiro-ministro, Apollinaire Joachimson Kyélem de Tambela, juntaram-se aos mais de cem membros das famílias que estiveram na cerimónia e prestaram homenagem aos mortos.
A viúva de Thomas Sankara, Mariam Sankara, e os seus dois filhos, que não aprovaram a escolha do local para o enterro, estiveram ausentes, mas outros familiares estavam presentes, relatou a agência francesa France-Presse.
A família próxima do revolucionário que liderou o país entre 1983 e 1987 exigiu na semana passada ao líder da junta militar no poder no país, Ibrahim Traoré, que os restos mortais de Sankara não fossem enterrados no memorial com o seu nome e propôs locais alternativos, o que não foi aceite.
A família argumentou que enterrar os restos mortais do antigo Presidente burkinabé no memorial construído no local onde o líder fundador do país foi assassinado, com 12 antigos companheiros de armas, seria a sua "segunda morte".
Os corpos de Thomas Sankara e dos seus 12 companheiros foram enterrados pela primeira vez num cemitério nos arredores de Ouagadougou, mas foram exumados em 25 de Maio de 2015, para efeitos de um processo judicial.
Na cerimónia que decorreu hoje, primeiro cobertos com a bandeira do país, os caixões foram depois levados para as sepulturas atrás da estátua gigante de Thomas Sankara erguida no local do seu assassinato.
Uma "cerimónia nacional e internacional de homenagem às vítimas será organizada no dia 15 de Outubro de 2023, para honrar as suas memórias", segundo o Governo.
Sankara foi assassinado em 15 de Outubro de 1987, juntamente com 12 oficiais burkinabés, o seu corpo foi desmembrado e enterrado numa sepultura anónima, no golpe de Estado, que marcou a ascensão do ex-presidente Blaise Compaoré.
Após a morte de Sankara, Blaise Compaoré permaneceu no poder até uma revolta popular que levou à sua queda, em 2014.
Em Abril passado, após um julgamento de seis meses, o tribunal militar de Ouagadougou condenou Compaoré, que vive na Côte d’Ivoire, à revelia, a prisão perpétua pelo seu papel no assassínio de Thomas Sankara.