Londres - A Amnistia Internacional apelou hoje às autoridades da República Democrática do Congo (RDC) e aos parceiros internacionais para que pressionem todas as partes envolvidas no conflito que assola o leste do país a dar prioridade à protecção dos civis, noticiou o site Notícias ao Minuto.
O apelo da Amnistia Internacional (AI) ocorre depois de o Movimento 23 de Março (M23) ter afirmado, na segunda-feira, ter tomado a cidade de Goma, no noroeste da República Democrática do Congo (RDC).
O grupo armado M23 é constituído maioritariamente por combatentes de origem tutsi, vítimas do genocídio de 1994 no Ruanda e que tomaram Goma após vários dias de intensos combates.
O director regional da Amnistia Internacional, Tigere Chagutah, pediu através de comunicado para que os civis sejam protegidos e para que seja garantido o acesso à ajuda humanitária urgente.
O agravamento do conflito conduziu a um aumento da tensão com o Ruanda, com o governo da RDC a acusar o governo rwandês de apoiar o M23, uma alegação que foi apoiada pelas Nações Unidas.
A AI recordou que o conflito no leste da RDC tem sido geralmente acompanhado de violações dos direitos humanos, incluindo assassinatos de civis, violência sexual e ataques a activistas, como já aconteceu durante a tomada de Goma pelo M23 em 2012".
Segundo a AI, os civis enfrentam um sério risco de violações dos direitos humanos sendo que no último ano ambos os lados intensificaram o uso de armamento pesado em áreas densamente povoadas.
"O M23, apoiado pelo Rwanda, tem de respeitar o direito humanitário internacional. Têm de garantir a segurança dos civis, incluindo os defensores dos direitos humanos e os jornalistas, incluindo os que criticam o Ruanda e o M23", acrescentou Chagutah.
Por outro lado, a organização Médicos Sem Fronteiras alertou para o facto de cerca de 400 mil pessoas terem fugido desde o início de Janeiro e de dezenas de milhares se terem dirigido para centros de deslocados em torno de Goma, onde já vivem mais de 650 mil pessoas.
Enquanto a RDC acusa o Rwanda de apoiar o M23, o Ruanda e o grupo rebelde acusam o Exército de Kinshasa de cooperar com as FDLR, um grupo fundado em 2000 por líderes do genocídio de 1994 e outros ruandeses exilados para recuperar o poder político.
A actividade armada do M23 recomeçou em Novembro de 2021 com ataques contra o Exército da RDC no Kivu do Norte.
Desde 1998, o leste da RDC enfrenta um conflito que envolve milícias rebeldes e pelo Exército, apesar da presença da missão das Nações Unidas.CS