Cartum - Camiões com ajuda humanitária chegaram hoje ao sul da capital do Sudão, controlada pelo grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) para entregar mantimentos pela primeira vez desde o início da guerra em 2023.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF, na sigla em inglês) confirmou a entrega dos mantimentos através de uma mensagem na sua conta na rede social Telegram.
"Os nossos camiões, parte de um comboio da UNICEF e do Programa Alimentar Mundial, juntamente com os Médicos Sem Fronteiras e a Sala de Resposta de Emergência de Cartum, entregaram mantimentos vitais de saúde e nutricionais ao Hospital Al Bashayer e aos centros de cuidados de saúde primários em Yebel Aulia, em Cartum", informou a UNICEF.
Segundo o comunicado, este é "o primeiro carregamento a chegar ao sul de Cartum desde o início da guerra, em Abril de 2023".
"Vemos progressos positivos no interesse do trabalho humanitário", sublinhou a organização, apelando a todas as partes para que "façam deste passo um ponto de partida para uma coordenação mais ampla da resposta humanitária e para a criação de esforços humanitários permanentes".
Por sua vez, um porta-voz das RSF indicou que a Agência Sudanesa de Ajuda e Operações Humanitárias, ligada aos paramilitares, facilitou as entregas e acrescentou que nos próximos dias chegarão mais 54 camiões com ajuda humanitária.
As Nações Unidas denunciaram na semana passada que mais de 780 civis morreram devido ao "cerco horrível" imposto pelas RSF contra El Fasher e aos seus ataques contra a cidade, antes de apelar ao grupo para acabar com o bloqueio.
A guerra eclodiu em 15 de Abril do ano passado devido a um desacordo entre o exército e as RSF sobre a inclusão dos paramilitares no poder após o golpe de 2021, que pôs fim à tentativa de democratização do país na sequência do derrube do antigo Presidente Omar al-Bashir, em 2019.
Dezenas de milhares de pessoas foram mortas desde o início da guerra no Sudão, um conflito que fez do país palco da pior crise mundial de deslocados internos, por forçar 11 milhões de pessoas a fugir das suas casas.CS