Cidade do Cabo - Há um ano, um incêndio de grandes proporções engoliu por completo a sede do Parlamento sul-africano e edifícios adjacentes, causando a pior perda do acervo parlamentar e parte da história do país desde o alcance da democracia, em Abril de 1994.
Passado um ano, permanecem ainda alguns vestígios de destruição do cartão postal da cidade materna, como também é conhecida a capital da província do Cabo Ocidental.
O incêndio começou por volta das 05h00 locais do dia 2 de Janeiro de 2022, na ala mais antiga do edifício -, concluído em 1884, que contém cerca de quatro mil obras de arte, algumas datadas do século XVII, e património valioso -, cujo telhado foi completamente destruído.
Quem nesta altura cruzar o espaço, certamente ficará com "uma lágrima no canto do olho", devido aos danos causados pelo incêndio que “apagou” muitas memórias do povo sul-africano e de outras nações que escolhem a Cidade do Cabo como destino turístico.
Mas, a força e resiliência dos governantes e parlamentares sul-africanos não permitiu que a dor matasse também a esperança do povo a quem representam. Enquanto se combatiam as chamas (71 horas), era iminente a busca de um local alternativo, para que os deputados pudessem continuar a dar resposta aos inúmeros assuntos que têm a ver com a vida da população.
Este incêndio devastador, que levou a tribunal um indivíduo sob acusação de fogo posto, ocorreu depois de um outro que teve lugar em Março de 2021, por falha eléctrica na Antiga Assembleia Nacional, causando danos substanciais, conforme espelha o Jornal Oficial do Parlamento Sul-Africano "INSESSION".
O CITY HALL, Edifício histórico da Câmara Municipal da Cidade do Cabo e local onde Nelson Mandela proferiu o seu primeiro discurso após a sua libertação, foi escolhido para albergar interinamente a Nova Sede do Parlamento.
Tal como vem expresso na sua última comunicação do ano de 2022, o Parlamento da República da África do Sul presta contas ao povo sobre o seu desempenho, retratando o quão memorável e cheio de acontecimentos foi o ano que terminou.
"Esse ano revelou o verdadeiro carácter da nossa instituição e sua tenacidade em responder às necessidades e aspirações do povo, mesmo durante períodos voláteis. O incêndio aconteceu quando se estava a recuperar dos efeitos da pandemia da covid-19".
Os três dias de fogo intenso agravaram os desafios infra-estruturais ao reduzir o número de edifícios disponíveis do Parlamento, tendo atrasado "uma década no que respeita à destruição da tecnologia de transmissão utilizada, para melhorar o acesso e envolvimento do público nos nossos processos".