África do Sul corre risco de escassez no sexto dia de distúrbios

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  • Luanda     Quinta, 15 Julho De 2021    10h18  
Bandeira da África do Sul
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Joanesburgo - As preocupações com uma possível escassez de combustível e de alimentos começavam a agitar a África do Sul desde quarta-feira, no sexto dia de distúrbios que já causaram mais de 70 mortes no país, em meio ao desemprego galopante e a novas restrições contra a covid-19.

No início da manhã de quarta-feira, filas formaram-se do lado de fora de vários postos de combustível, especialmente na periferia de Joanesburgo e Durban.

Na véspera, a maior refinaria do país anunciou o encerramento da sua fábrica próxima a Durban, em Kwazulu-Natal (leste), que fornece cerca de um terço do combustível consumido no país, por motivo de "força maior".

"A escassez de combustível nos próximos dias, ou semanas, é inevitável", disse o porta-voz da Associação de Automobilistas (AA), Layton Beard, à AFP.

Segundo o responsável da AA, alguns postos já estão secos, e outros, racionando na bomba.

Em Durban, afectada por saques de lojas e armazéns, filas de clientes a procura de suprimentos já se estendiam desde o dia anterior nos supermercados, face ao receio da escassez de alimentos.

Há vários dias, a província de Kwazulu-Natal e Gauteng, que inclui as duas principais cidades do país - Joanesburgo e Pretória -, foram tomadas por um turbilhão de violência, alimentado pela crise económica num país esgotado pela pandemia do coronavírus e que atingiu uma taxa de desemprego recorde (32,6%).

A violência logo se espalhou para outras províncias, incluindo Mpumalanga (nordeste) e Cabo Norte (centro), de acordo com a polícia. O último balanço oficial, divulgado na terça-feira à noite, registava 72 mortos e 1.234 prisões. A maioria das mortes ocorreu em debandadas durante os saques de lojas e shoppings.

Os primeiros incidentes eclodiram um dia após a prisão, na quinta-feira, do ex-presidente Jacob Zuma, condenado a 15 meses de prisão por desacato. O episódio funcionou como um detonador para reacender a frustração económica.

Na noite de segunda-feira, após tomar a decisão de mobilizar o Exército, o presidente Cyril Ramaphosa alertou para o risco de "escassez", se a espiral de violência continuar.

Em alguns bairros, os moradores organizaram-se para garantir a segurança das suas lojas.

Com cartazes dizendo "não toquem na nossa loja", moradores do município de Tembisa, entre Joanesburgo e Pretória, formaram uma corrente humana na terça-feira ao final do dia em frente ao seu centro comercial.

As autoridades alertaram contra qualquer acto de violência, encorajando "as comunidades a não fazerem justiça com as próprias mãos".

Grupos de auto-ajuda também apareceram nas redes sociais, alguns oferecendo-se para ajudar na limpeza dos danos causados por saqueadores, outros oferecendo comida.

Apesar do apelo à calma das autoridades e do envio de cerca de 2.500 soldados para ajudar a polícia, milhares de sul-africanos continuaram a chegar na terça-feira para saquear armazéns e lojas.

Multidões compactas e bagunçadas levaram televisores gigantes, mesas, fraldas e latas, deixando para trás corredores de lojas e ruas cheias de entulho e caixas de papelão estilhaçadas.

Em menor número, a polícia não deu conta de conter a multidão.

Tarde da noite, vídeos ainda mostravam dezenas de pessoas a sair de uma cervejaria com os braços carregados de caixas de cerveja. A mesma cena se via em um armazém, onde grupos saíam com sacos de vários quilos de arroz.

A onda de saques também está a alimentar receios fora das fronteiras do país. A União Africana condenou "veementemente" a violência e os saques na terça-feira à noite, apelando para uma "restauração urgente da ordem". Também citou os riscos para a estabilidade da região.





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