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África do Sul celebra hoje o Dia da Reconciliação Nacional

     África              
  • Luanda • Quarta, 16 Dezembro de 2020 | 00h28

Pretória - A República da África do Sul celebra hoje, 16 de Dezembro, o Dia da Reconciliação Nacional, instituído com o alcance da democracia no país, em 1994.

 

Por: Raquel Betlehem/Correspondente da Angop

A data foi comemorada, pela primeira vez, aos 16 de Dezembro de 1995, altura em que foi declarada feriado nacional, lê-se na nota oficial do Departamento de Relações Internacionais e Cooperação (Dirco), tornada pública.

O primeiro governo não racial e democrático da África do Sul surge em Abril de 1994, com a realização das históricas eleições multipartidárias, que deram uma deslumbrante vitória ao Congresso Nacional Africano (ANC - na sigla em inglês), colocando ponto final ao sistema de segregação racial, o apartheid.

Liderado pelo primeiro Presidente negro da história do país, Nelson Mandela, o governo propôs-se promover a reconciliação e a unidade nacional em todas as suas vertentes.

Uma forma pela qual pretendia fazê-lo, simbolicamente, era reconhecer o significado do 16 de Dezembro em duas vertentes: nas tradições da luta de libertação, levada a cabo pelo povo até então oprimido, e por outro, a batalha dos Afrikaaners – opressor – e decidir declarar este dia, como o da Reconciliação Nacional.

Durante a vigência do sistema de segregação racial (o apartheid), o 16 de Dezembro era conhecido como o Dia do Voto, pois os colonizadores (Voortrekkers), na preparação para a Batalha do Rio de Sangue, em 16 de Dezembro de 1838, contra os Zulu (região do Kwazulu-Natal no litoral), fizeram uma espécie de “juramento perante Deus”, de que construiriam uma igreja para que os seus descendentes observassem essa data como sendo o dia de acção de graças, caso saíssem vitoriosos.

O segundo acontecimento histórico, ocorrido igualmente aos 16 de Dezembro, adianta o documento do governo, foi em 1961, quando se formou o Umkhonto we Sizwe (MK), o braço armado do Congresso Nacional Africano (ANC).

 

Antes da sua formação, o ANC enfrentou a luta contra o apartheid, por meio da resistência passiva, mas depois do Massacre de Sharpeville, em 1960, onde manifestantes pacíficos foram vítimas dos disparos indiscriminados da polícia, a resistência naqueles moldes deixou de ser vista como abordagem eficaz que levasse o apartheid ao fim.

No historial do MK, pode-se ler que ao cair da noite de 16 de Dezembro de 1961, cinco bombas foram detonadas na cidade de Port Elizabeth (província do Cabo Oriental), enquanto outros actos ocorriam em simultâneo na capital do país, Pretória, e na vizinha cidade de Joanesburgo (província de Gauteng), Cape Town (a capital do Cabo Ocidental) e na cidade de Durban, ponto-chave da região do Kwazulu-Natal.

O Alto Comando do Umkhonto we Sizwe elegeu como principais alvos a sabotar, no início dos confrontos militares com as forças da ordem, os edifícios governamentais e torres de alta tensão, de modo a cortar o fornecimento de electricidade e criar o caos nos maiores centros urbanos do país.

 

 

 

A eficácia dos actos de sabotagem acabou por ser prejudicada por problemas organizacionais dentro do próprio movimento, culminando com a prisão dos seus  lideres, em 1963.

 

 

 

O MK prosseguiu com a luta armada, sob a liderança política do ANC, até a suspensão das acções armadas, em 1990, e a sua integração na Força Nacional de Defesa da África do Sul (SANDF), depois de 1994.

 

Este ano, a efeméride decorre de forma virtual sob o lema “Unidos contra o racismo – a  violência no género e outras intolerâncias”, e os sul-africanos são desafiados a confrontar as suas ideias preconcebidas sobre a raça e o racismo. Por este facto, o Departamento de Artes, Cultura e Desporto pede à Nação que se reconcilie e esteja unida na luta contra o racismo, bem como o femicídio.





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