Nova Iorque - África continua a registar as mais elevadas taxas de femicídio cometido por parceiros íntimos e familiares, tendo contabilizado cerca de 21.700 vítimas em 2023, de acordo com um relatório hoje divulgado pelas Nações Unidas.
O documento sobre femicídios em 2023 conclui que mulheres e raparigas de todo o mundo continuam a ser afectadas por esta forma extrema de violência baseada no género, não estando excluída nenhuma região do mundo.
"Com uma estimativa de 21.700 vítimas de femicídio relacionado com o parceiro íntimo/família em 2023, África é a região com o maior número de vítimas em termos agregados", lê-se no relatório.
A Ásia registou 18.500 vítimas, as Américas 8.300, a Europa 2.300 e a Oceânia 300.
África é ainda palco do maior número de vítimas de femicídio por parceiro íntimo/familiar em relação à dimensão da sua população (com 2,9 vítimas por 100 mil no ano passado).
As Américas e a Oceânia também registaram taxas elevadas de femicídio por parceiro íntimo/familiar em 2023, com 1,6 e 1,5 por 100 mil, respectivamente.
Por seu lado, taxas significativamente mais baixas foram contabilizadas na Ásia e na Europa, com 0,8 e 0,6 por 100 mil, respectivamente.
Os autores do relatório ressalvam que, além do assassinato de mulheres e raparigas por parceiros íntimos ou outros membros da família, existem outras formas de femicídio.
E indicam que recentemente alguns países começaram a quantificar outras formas de femicídio através da utilização do quadro estatístico usado para medir os homicídios baseados no género.
É dado o exemplo de França, onde durante o período 2019-2022, 79% de todos os homicídios femininos foram cometidos por parceiros íntimos ou outros membros da família, enquanto outras formas de femicídio representaram mais 5% de todos os homicídios femininos.
Também uma investigação exploratória na África do Sul indica que os femicídios fora da esfera doméstica representaram 9% do total de homicídios femininos em 2020-2021.
Os dados disponíveis para três países - França (2019-2022), África do Sul (2020-2021) e Colômbia (2014-2017) - confirmam que uma parte significativa das mulheres mortas pelos seus parceiros íntimos (entre 22 e 37%) tinha anteriormente relatado alguma forma de violência física, sexual ou psicológica pelo seu parceiro.
"Isto sugere que muitos assassinatos de mulheres podem ser evitados", concluem os autores do documento.
Defendendo como medidas que podem prevenir o homicídio de mulheres as ordens de restrição contra os parceiros masculinos, que proíbem novos contactos entre eles e as vítimas da sua violência, entre outras acções.
A nível mundial, estima-se que cerca de 1,3 mulheres por cada 100 mil habitantes do sexo feminino tenham sido mortas por um parceiro íntimo ou outro membro da família em 2023. GAR