Ndalatando - O estilo musical e de dança tradicional Tchamba, da etnia Hungo, praticada nos municípios Banga, Bolongongo e Quiculungo, na província do Cuanza-Norte, pode desaparecer por falta de valorização e preservação.
A dança é caracterizada pela harmonia sonora de três batuques que produzem melodias distintas, com o suporte de um chocalho de lata. A dança típica é rígida, exige traquejo e flexibilidade dos pés à cintura.
O chefe de secção da Área Cultural da Administração Municipal de Bolongongo, Joel Panzo, que falava, hoje (segunda-feira) à imprensa, esclareceu que actualmente o estilo é cada vez menos utilizado nas cerimónias tradicionais destas comunidades.
Segundo Joel Panzo, apesar da singularidade desta dança, muitos a consideram em desuso por ser antiga e representada por trajes feitos de capim "Tsango”.
Explicou que são também utilizados sacos para produzir as saias tradicionalmente denominadas por "Muzua” e existem ainda dançarinos que preferem usar outros acessórios para os deixar "mais vistosos".
Os dançarinos podem ainda usar uma máscara com as características do rosto de um leão, como forma de demonstrar a bravura e resistência às adversidades do dia-a-dia.
Joel Panzo explicou que a música Tchamba, cantada em Hungo, surgiu na década de 60, na região de Kazambula Mambo, zona fronteiriça entre as províncias do Cuanza-Norte, Uíge e Zaire.
O responsável elucidou que a musicalidade emitida pelos três batuques servia de meio de comunicação para despertar e descobrir os compatriotas e guerreiros perdidos nos bosques, fugidos da repressão colonial.
O som dos batuques, disse, servia igualmente para convocar a comunidade a participar nas reuniões.
Em algumas ocasiões, é tocado e dançado para boas-vindas a visitantes.
Joel Panzo frisou que por falta de valorização e preservação do estilo, com o passar dos anos, está a perder a essência, principalmente por falta de interesse dos jovens.
Danças usadas para rituais
A região tem diversos estilos musicais como o Kabokele, Ndondela, Mama Mbanda e Bikingui.
O Kabokele, explicou, é uma dança usada para o ritual da circuncisão dos homens e quando tocada, atraía qualquer médico tradicional da zona para se juntar à cerimónia e participar da festa.
Joel Panzo informou que está em curso a criação de um projecto para a recuperação e valorização da cultura local, sobretudo das danças e músicas regionais.
O programa, garantiu, já foi submetido ao gabinete do administrador municipal de Bolongongo.
"A intenção é, anualmente durante as comemorações festivas, a exibição dos estilos e danças tradicionais e típicas da região do Hungo”, disse.
Comemora-se hoje ( 29 de abril) o Dia Internacional da Dança, data instituída em 1982, pelo Comité Internacional da Dança (CID) da UNESCO, com intuito de chamar a atenção para a importância da dança, assim como incentivar governos de todo o mundo ao apoio e ensino desta que é uma das mais antigas expressões artísticas. IMA/PA