Príncipe - O Presidente são-tomense , Carlos Vila Nova, afirmou que os actos de maus tratos e violência da colonização não estão resolvidos e considerou relevante que Portugal tenha abordado o assunto, a propósito dos 50 anos do 25 de Abril.
"Se Portugal traz ao quotidiano este assunto, acho que é de todo relevante para que se discuta e que se revejam também esses aspectos e nós continuarmos a nos aproximarmos cada vez mais”, disse o Chefe de Estado são-tomense.
Segundo o Líder “isso vai ser de forma transparente e clara, nós olharmos para aquilo tudo que foi benéfico ou que prejudicou os outros países, analisarmos, tiramos ilações e resolvermos a situação”.
O chefe de Estado que falava no aeroporto de São Tomé, após ter participado, em Portugal, nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, sublinhou que "Portugal colonizou cinco países em África" e essa colonização é parte da história destes países.
"A descolonização pode estar resolvida, mas os actos de maus tratos, de violência e outros que aconteceram não estão resolvidos, portanto eu vejo isso com normalidade até porque ao nível de outras potências colonizadoras esse processo já está um bocado avançado, já está em discussão", referiu Carlos Vila Nova.
O Presidente da República português defendeu no sábado que Portugal deve liderar o processo de assumir e reparar as consequências do período do colonialismo e sugeriu como exemplo o perdão de dívidas, cooperação e financiamento.
"Sempre achei que pedir desculpa é uma solução fácil para o problema. Peço desculpa... nunca mais se fala nisso. Assume-se a responsabilidade por aquilo que de bom e de mau houve no império. O assumir significa, de facto, isso", disse Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, à margem da inauguração do Museu Nacional da Resistência e da Liberdade, em Peniche.
A sugestão de que Portugal assumisse responsabilidades por crimes cometidos durante a era colonial tinha sido deixada pelo chefe de Estado durante um jantar na terça-feira com correspondentes estrangeiros em Portugal, em que o Presidente propôs o pagamento de reparações pelos erros do passado.
Instado a esclarecer as declarações feitas na altura, o Presidente da República sublinhou que, ao longo da sua presidência, tem defendido que Portugal tem de "liderar o processo" em diálogo com esses países. DSC/AM